terça-feira, junho 14, 2005

3.2 uma teoria estruturalista

Um dos teoremas das teorias estruturalistas é de que estudos científicos acerca da cultura e sociedades humanas não podem ser restritos ao âmbito da observação, pois o conhecimento depende de análises teóricas. (Lawrence, 1989)
Teorias e métodos estruturalistas vem sendo desenvolvidos desde o século XIX, mas sua contribuição se tornou mais efetiva somente a partir da metade deste século, em grande parte como resultado das contribuições do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss e do psicólogo suíço Jean Piaget. O estruturalismo é utilizado em diversas vertentes do conhecimento, como arqueologia, arquitetura, lingüística, antropologia social e sociologia urbana. No entanto, apesar de ser amplamente difundido nos diversos ramos da ciência, o pensamento estruturalista não tem uma unidade sólida, são desenvolvidos estudos até mesmo conflitantes dentro da mesma teoria. Existem pelo menos duas correntes para o estudo das pessoas em seus ambientes físicos. Uma, refere-se à natureza sistemática de um objeto ou fato, o estruturalismo global, onde o termo estrutura diz respeito “à maneira em que os elementos individuais de uma linguagem específica são dispostos em relações de interdependência mútua para o propósito de comunicação”. Em estudos referentes à arquitetura, esta definição foi usada por Glassie com o objetivo de verificar as regras matemáticas que regem o tamanho, forma e composição de compartimentos de casas vernaculares construídas na região do Estado da Virginia. A hipótese defendida era a de que os construtores das habitações, conscientes ou não, usavam estas regras geométricas e de composição (Lawrence, 1989).
Outra corrente, o estruturalismo analítico, descreve e explica a composição sistemática de objetos e fatos, levando em consideração a significação social de determinados elementos que atuam como símbolos, o estruturalismo analítico ainda é dividido em Marxismo Estrutural e Estruturalismo Cognitivo, este último, é que apresenta contribuição no campo da arquitetura, baseado nos estudos de Lévi-Strauss, onde o princípio base é que as teorias e métodos da lingüística estrutural podem ser aplicados, de uma forma ou de outra, para a análise de todos os aspectos da cultura humana, e a linguagem pode ser interpretada como um conjunto de símbolos. Remete, no entanto, à semiologia e semiótica, à ciência dos símbolos, pois se acredita que estudar os sistemas de símbolos adotados por uma determinada sociedade, em uma determinada época contribui para entender o seu significado cultural ao qual a sociedade está relacionada (Lawrence, 1989).
O fato que intriga os estudiosos que desenvolveram o estruturalismo cognitivo é a tradicional separação entre o social e o espacial, onde o ambiente construído era descrito levando em conta apenas aspectos formais e geométricos, desconsiderando os aspectos simbólicos existentes na lógica do espaço. (Lawrence, 1989)
Hillier, um dos defensores do estruturalismo cognitivo, propõe um modelo de lógica social baseado nesta teoria. O argumento é que existe um conhecimento tácito que estrutura a organização espacial do ambiente construído, a “linguagem” espacial do urbano ou do elemento arquitetônico expressa de uma forma não verbal a cultura, a maneira de um povo estruturar seu espaço nas diversas escalas. Hillier defende que os padrões espaciais dos assentamentos e edifícios estão relacionados com a organização social das pessoas, de forma que desenvolveu conceitos e métodos para descrever a sociedade e o ambiente construído, (através de uma série de técnicas analíticas que serão exploradas na próxima seção) apresentando ainda duras críticas às interpretações teóricas sobre o ambiente construído e comportamento humano, como: territorialidade, cognição e estudos funcionais de edifícios.